Todo mundo lida bem com os próprios
defeitos. Menos eu. Eu não me aceito, queria ser perfeita. Torno-me incapaz de
encarar minhas falhas, de reconhecer meus erros, porque essa busca pela
perfeição está me consumindo por dentro. Quando perco, não consigo admitir a
derrota — peço sempre uma revanche para a vida, mas acontece que a vida não é
feita de segundas chances. Algumas pessoas até pensam que isso é arrogância
minha, e que não suporto admitir meus erros por orgulho; porém, o que acontece
é o contrário: por dentro sou tão insegura que me deixaria engolir pelo mundo,
tendo a minha alma subtraída e desfigurada por tudo o que me cerca caso não
agisse com esta falsa fachada de arrogância. Ela não passa de uma forma de
proteger minha identidade. Forço-me a caminhar de cabeça erguida, nariz em pé e
com o peito cheio porque, se não o fizesse, seria derrubada pelo peso que
descansa sobre meus ombros, e então não seria capaz sequer de colocar um pé à
frente do outro. Costumo fingir que sou perfeita porque é isso que minha alma
agonizante queria que meu corpo fosse. E tenho tanta dificuldade em admitir
meus erros para os outros porque não suporto enxergar em mim meus defeitos que
me levam a cometê-los. E quando alguém além de mim se apercebe dos meus
defeitos, passo a ser incapaz de mentir para mim mesma, fingindo que eles não
são reais. A maioria das pessoas lida bem com seus defeitos, mas não eu. E essa
minha tragédia de não saber me aceitar é o que me leva à minha batalha perdida
pela perfeição.
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