domingo, 10 de setembro de 2017

A Poesia das Cores

      Encaro o mundo através da janela da minha casa e enxergo nuvens brancas na imensidão do céu azul. De pé no declive de um morro, e cercada por montanhas altas, respiro e sinto as cores em toda a sua intensidade. Lá fora, o sol se prepara para partir, lavando as árvores com seu brilho caliente do fim de um dia de primavera. Percebo nas cores sentimentos, e sentimentos são prova taxativa de que existe a vida em pleno vigor. As nuvens, alvas e imaculadas, me passam, por serem brancas, umas sensação de liberdade — porque o branco é a única cor que tem a liberdade de ser a cor que quiser. E se todas as cores moram no branco, então essa cor pode bem ser o espectro das emoções humanas, de todos os sentimentos que temos a capacidade de vivenciar. Por que algumas pessoas tornam-se apáticas? Perco-me em questionamentos e dúvidas enquanto divago sobre a complexidade de ser. E tomo para mim o branco como a cor representativa da liberdade e da plenitude de vida; que, se na pele as cores nada significam além de determinação genética, na alma elas transbordam de significados mais diversos e abrangentes. E se a lua, que em noites comuns é alva, consegue despir-se de sua brancura e trajar um vestido amarelo, alaranjado ou vermelho, evento de noites raras, isso é porque o branco dá liberdade para ela. Porém, como é impossível a existir a perfeição, o branco em si não é inteiro; há uma cor que nele não se cabe, e essa cor é o preto — assim como da lua não sai um único ponto de escuridão. Enquanto isso, ela precisa da escuridão para brilhar, porque claro e escuro se completam, as cores se completam, assim como os sentimentos agradáveis juntam-se em coesão com os menos palatáveis para formar uma consciência vibrante em vida. E, à medida que o sol vai indo embora, observo as nuvens assumirem diversos tons de vermelho, alaranjado, rosa, azul, e roxo; e vejo nelas uma infinita poesia.

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